Como se sabe, a hipertensão arterial não é o único tipo existente, e hoje, depois de estudar sistema respiratório para a aula de histologia, achei interessante falar um pouco sobre a hipertensão pulmonar, ela não é nada mais , nada menos do que a elevação da pressão sanguínea nas artérias que levam o sangue do ventrículo direito (lado direito do coração) para os pulmões, assim possibilitando a hematose, mais comumente chamada de troca de gases- onde o sangue recebe oxigênio para irrigar os tecidos.
Esse sistema de vasos sanguíneos nos pulmões é chamado de circulação pulmonar e está separado parcialmente separado do restante do organismo ou circulação sistêmica. É por isso que as vezes a pressão dos vasos sanguíneos pode estar elevada na circulação pulmonar e normal na circulação sistêmica, e vice-versa. . Quando a pressão sanguínea dentro das artérias pulmonares está elevada, o ventrículo, a fim de ser oxigenado tem de bombear sangue com maior força para levá-lo para dentro dos pulmões.
Lembrando que quando os médicos medem a pressão nos nossos braços, estão medindo a pressão da circulação sistêmica, e não da pulmonar, portanto ela é mais dificilmente detectada.
A causa exata da hipertensão pulmonar ainda não está bem estabelecida, embora deva estar associada aos mesmos processos que causam danos aos pequenos vasos sanguíneos da circulação sistêmica. "As células endoteliais dos vasos sanguíneos são danificadas e levam à excessiva produção de fibras colágenas e sua deposição nas paredes dos vasos sanguíneos. Este processo leva à rigidez dos vasos sanguíneos, e os músculos que auxiliam na constrição dos vasos sanguíneos podem se hipertrofiar, acarretando uma constrição excessiva." Outros pacientes podem ter hipertensão pulmonar por apresentarem significativa fibrose pulmonar - cicatrização gradual dos alvéolos que vão sendo substituídos por fibras, levando assim a uma perda da capacidade do pulmão de transferir oxigênio para a corrente sanguínea , o que, por sua vez, pode causar um aumento reflexo da pressão sanguínea na circulação pulmonar e falta de ar nos exercícios.
Com relação aos sintomas, pacientes com hipertensão pulmonar leve podem não apresentar sintomas. Já os com hipertensão pulmonar moderada à grave, geralmente se queixam de dificuldade de respirar (falta de ar), especialmente após exercícios, dores torácicas atípicas ou ainda sintomas de insuficiência cardíaca direita - ocorre quando as contrações musculares do ventrículo direito não são mais fortes o suficiente para bombear sangue através das rígidas e espessadas artérias pulmonares. A musculatura do ventrículo direito se torna mais grossa, e dilata-se à medida que o coração vai entrando em falência." O sangue que normalmente seria bombeado do lado direito do coração para dentro dos pulmões então retornaria para o resto do corpo. O paciente então passaria a apresentar piora da falta de ar, associado a edema dos pés, do abdome e das veias do pescoço."
Indícios de que possa ocorrer hipertensão pulmonar podem ser captados pelo médico se o paciente apresenta uma história de falta de ar e através dos sinais físicos de que o lado direito do coração possa estar trabalhando mais do que o normal. No entanto, as alterações no exame físico cardíaco não são sensíveis o suficiente para estabelecer o diagnóstico definitivo de hipertensão pulmonar." Um indício de que o paciente possa estar com hipertensão pulmonar é uma redução na capacidade de difusão de monóxido de carbono na prova de função pulmonar. A capacidade de difusão mede a habilidade do gás se mover a partir do ar, através do tecido pulmonar e da parede dos vasos sanguíneos, para o sangue. Se a capacidade de difusão é menor que 50% do seu valor preditivo, é um forte indício de que possa haver hipertensão pulmonar. O teste mais comumente usado para diagnosticar hipertensão pulmonar é o ecocardiograma. Este pode estimar com segurança a pressão na artéria pulmonar, de uma forma não invasiva. Algumas vezes, o médico pode solicitar um cateterismo cardíaco para medir a exata pressão das artérias pulmonares. Este teste invasivo deverá ser realizado caso o seu resultado for mudar o tratamento que o paciente deverá receber. Em muitos pacientes, está claro que há hipertensão pulmonar, e o tratamento deve ser instituído sem a necessidade do paciente realizar um cateterismo cardíaco."
Para medidas de tratamento, primeiro é necessário que o médico determine se a hipertensão pulmonar está ou não associada à doença pulmonar intersticial ou esclerose sistêmica, já que nesses casoso o quadro pode ser agravado e mais perigoso." Testes de função pulmonar são úteis. Se existe dúvida quanto à atividade inflamatória nos pulmões , então o médico deve solicitar um estudo do lavado broncoalveolar para confirmar se a inflamação pulmonar está presente. Se a inflamação pulmonar estiver presente, o médico deve tratá-la para prevenir a piora da hipertensão pulmonar."
Em pacientes com hipertensão pulmonar não associada à esclerose sistêmica, dois tratamentos têm apresentado bons resultados : oxigenioterapia ( administração de oxigênio numa concentração de pressão superior à encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e atenuar deficiência de oxigênio) e anticoagulação( farmacos usados para evitar trombos). Os níveis de oxigênio em repouso e após os exercícios devem ser medidos; se estiverem baixos, a oxigenioterapia deve ser iniciada. A decisão de iniciar uma anticoagulação deve ser realizada de comum acordo entre cada paciente e seu médico. Se ocorre insuficiência cardíaca direita, uma variedade de medicamentos pode ser utilizada: bloqueadores de canais de cálcio - utilizados para promover dilatação das artérias pulmonares a fim de diminuir a pressão sanguínea na região e tornar mais fácil o trabalho de bombeamento do coração. Diuréticos podem ser usados para remover o edema gerado pela insuficiência cardíaca .
"Tratamentos experimentais estão sendo testados na hipertensão pulmonar. Atualmente, um trabalho de pesquisa está avaliando os efeitos de uma droga chamada prostaciclina sobre a hipertensão pulmonar na esclerose sistêmica. Caso esta droga se comprove melhor que o placebo na diminuição da pressão pulmonar, poderá tornar-se disponível para outros pacientes com esclerose sistêmica. Se a hipertensão pulmonar tornar-se muito grave, com risco de vida, deve-se considerar a possibilidade da realização de um transplante de pulmões."
Referências Bibliográficas:
Acessado em: 28 de julho de 2010
- Panfleto da Scleroderma Foundation, elaborado com o auxílio da Dra. Barbara White (University of Maryland, Baltimore – EUA); tradução do Dr. Percival D. Sampaio-Barros (UNICAMP).
- Disponível em: http://www.aguaviva.mus.br/enfermateca/Artigos/Oxigenoterapia.htm
Acessado em: 28 de julho de 2010
Postado por: Catherine Zilá Ferreira
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