segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Hipertensão e envelhecimento

O Brasil vem sofrendo uma transição epidemiológica, que significa a mudança na incidência das causas de mortalidade, passando de doenças infecto-contagiosas a doenças crônico degenerativas, como a Hipertensão Arterial (HA). A HA é uma enfermidade de origem multicausal e multifatorial. A grande prevalência de HA e de seus fatores de risco multiplica o risco de problemas cardiovasculares. Sumariamente, a hipertensão do idoso se caracteriza por apresentar aumento da resistência periférica com decréscimo do débito cardíaco e volume intravascular, hipertrofia cardíaca concêntrica, redução da frequência cardíaca e volume sistólico, além de ser acompanhada de gasto cardíaco elevado. O fluxo sanguíneo renal está desproporcionalmente reduzido. No idoso, apesar de o endurecimento das artérias propiciar o aumento da pressão arterial (PA), a hipertensão arterial não pode ser considerada como envelhecimento normal e deve ser considerada como uma doença a ser tratada de modo apropriado. Estudos têm demonstrado claramente que o controle adequado da PA reduz o risco do desenvolvimento de insuficiência coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral e insuficiência renal.
O Brasil carece de números precisos de incidência e prevalência da HA, principalmente na população idosa. Com o significativo aumento da população geriátrica, verifica-se, então, a importância de estudos sobre a prevalência da HA em idosos, para que se possa elaborar um programa de prevenção e orientação, evitando o comprometimento da saúde dessa população.


Achei um artigo interessante sobre hipertensão no qual foi feito uma pesquisa nos núcleos de idosos de uma cidade de São Paulo (Presidente Prudente). A população considerada para este estudo é constituída por indivíduos com 50 anos ou mais. Os núcleos de Terceira Idade são locais onde idosos se reúnem semanalmente para realizar atividades como: atividade física, artesanato, palestras, cultos.
 


A coleta dos Fatores de Risco foi realizada por meio de perguntas contidas no formulário aplicado. Para análise dos fatores de risco, adotou-se a seguinte classificação:
- presença do fator de risco hereditariedade - o indivíduo que relatou ter ou ter tido algum parente consanguíneo com HA;
- presença de fator de risco tabagismo - o indivíduo fumante ou ex-fumante, com consumo de um ou mais cigarros ao dia;
- presença de fator de risco etilismo - o indivíduo que ingere ou ingeriu duas ou mais doses de bebidas destiladas, ou dois ou mais copos de cerveja, ao dia;
- presença de fator de risco sedentarismo - a não prática de exercício físico e a prática de atividade física apenas uma vez por semana, sendo essa atividade praticada por mais de 30 minutos.


Foram coletados dados de 209 indivíduos, dos quais 59 foram descartados por apresentarem itens do questionário e/ou aferição da PA incompletos, ficando assim 150 indivíduos para análise. Sendo 22 (14,7%) do sexo masculino e 128 (85,3%) do sexo feminino. Quanto aos fatores de risco de todos os indivíduos estudados, 61,1% apresentaram fator de risco hereditariedade e 14% diabetes. Somente 1,3% ingeriam bebidas alcoólicas diariamente e 4,7% já ingeriram algum tipo de bebida alcoólica diariamente; 5,3% relataram que fumavam diariamente, sendo que 26% já fumaram diariamente e não fumam mais. 21,3% deles não exerciam qualquer atividade física, 18,7% praticavam-na uma vez por semana, 19,3% duas vezes por semana e 40,7% praticavam três ou mais vezes por semana.






Resultados da PA encontrada em hipertensos diagnosticados: A idade média entre os indivíduos com diagnóstico de HA foi 67,82 anos com desvio padrão de 8,07 e entre os indivíduos sem diagnóstico de HA foi 66,74 anos com desvio padrão de 8,39. Portanto, pode-se concluir que não existe diferença significativa de idade entre os dois grupos. Dos indivíduos pertencentes à amostra, 63,3% (95) deles já eram diagnosticados como hipertensos e destes 98,9% (94) recebiam algum tipo de tratamento.


Quanto ao sexo, verificou-se que a porcentagem entre o número de mulheres hipertensas (63,28%) e de homens hipertensos (63,64%), considerando seus respectivos montantes, é aproximadamente a mesma, não há uma associação entre as variáveis sexo e HA nos indivíduos analisados. Hipertensos não Diagnosticados: Entre os que responderam que não tinham o diagnóstico de HA ou não sabiam informar (55 indivíduos, 36,6%), apenas sete (12,8%) apresentaram PA, durante a aferição, acima dos limites considerados como normais. Destes, quatro indivíduos foram classificados com Hipertensão Leve, e três com Hipertensão Sistólica Isolada. O fator de risco que mais se destacou foi a hereditariedade, em 49,9% destes indivíduos.


Os dados demonstram que a população estudada apresenta prevalência de HA acima dos limites esperados, o que pode ser explicado pela idade avançada da maioria dos entrevistados, já que a idade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da HA. Os altos níveis pressóricos podem ainda resultar da alta incidência dos fatores de risco: hereditariedade (68,1%), sedentarismo (40%), ser ou ter sido etilista (6%), ser ou ter sido tabagista (31,3%). Dentre os hipertensos já diagnosticados com HA, a moderada taxa (21%) daqueles que faziam tratamento e que ainda assim apresentavam elevados níveis pressóricos enfatiza a necessidade de alertar, orientar e informar ao paciente sobre a melhor conduta a ser tomada. A prevalência acentuada de HA diagnosticada encontrada (63,34%) e a porcentagem de indivíduos na faixa limítrofe para apresentarem HA (14,8%) reforça a necessidade de estudos e de esclarecimentos à população sobre a importância da assistência médica periódica, visto que a HA é uma patologia assintomática e predispõe a enfermidades cardiovasculares.


Referências: "Prevalência da hipertensão arterial e análise de seus fatores de risco nos núcleos de terceira idade de Presidente Prudente". Disponível em: http://www.unesp.br/proex/revista/artigos_pdf/revista_ce_v2n1_artigo17.pdf . Acessado em: 2 de agosto de 2010.
 
Postado por: Ana Paula Loschi Jansen.

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