terça-feira, 10 de agosto de 2010

Hipertensão Arterial e Altos Níveis de Insulina

     Insulina, um hormônio tão falado e tão estudado na bioquímica, é também um dos fatores relacionados à hipertensão.



     De acordo com dados relatados entre os anos de 2006 e 2009 pela OMS, cerca de metade dos adultos hipertensos apresentam resistência insulínica,  o que é muito preocupante, pois  em casos como esses, o risco de infarto ou derrame é bastante elevado. Sendo assim, para que este problema não se agrave ainda mais, é necessário ter cuidados especiais,  visto que pacientes com hipertensão e resistência insulínica devem seguir um tratamento muito mais severo, incluindo medicamentos que atuem tanto no controle da pressão quanto na melhora da resistência à insulina. 
     Pesquisando mais a fundo sobre esses dois fatores que cercam a hipertensão arterial, encontrei uma matéria muito interessante, a qual traz uma entrevista com um endocrinologista especializado na área de hipertensão e resistência insulínica. O Dr. Amélio de Godoy Matos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, respondeu à uma série de perguntas sobre este tema, e você poderá conferir agora:


Redação online – "Dr. Amélio, o que é a resistência à insulina?"
 Dr. Amélio: "Algumas pessoas, que têm tendência genética e que ganham peso (principalmente na região central do corpo, tórax e abdômen), podem desenvolver um defeito onde a insulina delas age menos. Dessa forma, para a mesma quantidade de insulina que elas produzem, “a queima” da glicose é menor. Isso as obriga a produzir mais insulina; daí o nome resistência à insulina."

Redação online – "Quais são as conseqüências dessa resistência à insulina?"
 Dr. Amélio: "Esse problema, geralmente, vem acompanhado de outros fatores: baixo nível do colesterol HDL (o colesterol bom), aumento dos triglicérides, aumento de alguns fatores de coagulação, níveis mais baixos do hormônio adiponectina, etc. Com isso, há risco maior de se desenvolver doenças cardiovasculares."

Redação online – "Através de que mecanismo a resistência à insulina pode levar à hipertensão?"
 Dr. Amélio: "Basicamente, a resistência à insulina leva a uma disfunção do endotélio da artéria, que é a camada mais interna de um vaso sangüíneo. O endotélio é um órgão endócrino em potencial. Ele produz uma série de substâncias, principalmente o óxido nítrico, o qual tem ação vasodilatadora assim como a insulina, e esta última induz o óxido nítrico favorecendo a vasodilatação. Porém, na resistência insulínica, a indução do óxido não é tão boa, havendo redução na sua produção e liberação, e essa diminuição da dilatação arterial favorece a hipertensão. Além do mais, outras substâncias como a endotelina atuam de forma contrária ao óxido nitrico, isto é, são vasoconstritoras, e o desequilíbro entre a produção do óxido nítrico e da endotelina contribui para o quadro de hipertensão em uma pessoa."   

Redação online – "A resistência à insulina provoca hipertensão também por outros caminhos?"
 Dr. Amélio: "Sim. Por exemplo, aumenta a retenção de sódio (sal) que, por sua vez, favorece a retenção de água, aumentando o volume líquido no nosso organismo, contribuindo para o aumento da pressão arterial. Além disso, a insulina aumentada, agindo sobre uma cascata de eventos químicos dentro da célula, ativa uma enzima, a MAP-kinase, que favorece a proliferação de células no músculo liso das artérias e isso leva ao “enrijecimento” desta."

Redação online – "E que tipo de paciente tem mais propensão à resistência a insulina?"

Dr. Amélio: "Pessoas com excesso de peso, maior gordura no abdômen, sedentárias, e filhos de diabéticos. A resistência à insulina é o principal defeito do diabético adulto. Cerca de 90% dos diabéticos adultos têm resistência à insulina. São, justamente, os que têm maior risco de hipertensão e de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto ou derrame. Só que a resistência à insulina começa bem antes do diabetes. Sabe-se que 50% dos hipertensos têm resistência à insulina, os outros 50% se explicam por outras razões. 
Dados epidemiológicos sugerem a importância da resistência à insulina como mecanismo de hipertensão. Por exemplo, num estudo em crianças e adolescentes, constatou-se que aquelas que tinham maior grau de resistência à insulina foram as que desenvolveram hipertensão arterial após alguns anos de observação. Outros estudos mostram que oito anos antes das pessoas se tornarem hipertensas, elas já têm resistência à insulina. Isso é uma prova de que a resistência à insulina começou primeiro. Foi, provavelmente, o mecanismo que levou à hipertensão."


Referências Bibliográficas: 

" Hipertensão Arterial e Altos Níveis de Insulina". Disponível em:http://www.endocrino.org.br/hipertensao-arterial-e-altos-niveis-de-insulina/. Acessado em 13 de agosto de 2010.

"Hipertensão Arterial". Disponível em: http://www.oms.org/. Acessado em 13 de agosto de 2010

Postado por: Larissa Figueiredo

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